Investigação da ESEC avaliou a relação entre preocupações com a privacidade, utilização frequente de smartphones, acesso a redes sociais e comportamentos de consumo de notícias

Os utilizadores com maior envolvimento na utilização dos smartphones tendem preocupar-se menos com a monitorização das suas actividades pelos dispositivos de comunicação móveis e com o uso indevido dos seus dados pessoais e, consequentemente, com as práticas intrusivas da sua privacidade pelas APP instaladas. Foi a principal conclusão da dissertação A preocupação com a protecção da privacidade, uso de smartphones e comunicação online. A importância dos dados., defendida por Sara Carrulo no mestrado em Comunicação Social – Novos Media, da Escola Superior de Educação de Coimbra (ESEC) e realizada com a orientação do professor José Pedro Cerdeira.

Com o trabalho de investigação, a autora avaliou a relação entre as atitudes de preocupação com a protecção de dados pessoais, o grau de envolvimento dos utilizadores com os smartphones, a adição ao Facebook, o consumo de notícias e a expressão de atitudes de cepticismo em relação aos media convencionais (jornais impressos, rádios, televisões).

O estudo envolveu a realização de um inquérito, tendo a análise dos dados identificado uma mudança nas atitudes de protecção da privacidade associadas aos comportamentos de consumo de notícias. Na era dos algoritmos, datification e big data, a recolha de dados pessoais é cada vez mais intrusiva, tendo influência em todas as decisões dos consumidores sobre a escolha dos meios para aceder a informação. Neste sentido, o consumo de notícias e a escolha dos meios convencionais ou digitais de acesso às mesmas não é excepção.

O estudo permitiu concluir que os consumidores que mais valorizam a sua privacidade estão mais preocupadas com o uso indevido de dados pelas App instaladas nos dispositivos de comunicação móveis, optando com mais frequência pelo recurso aos meios de comunicação social convencionais para aceder a notícias. No entanto, a respeito dos consumidores mais jovens, o estudo revela que estes tendem a informar-se maioritariamente através do smartphone, em consequência do maior envolvimento com esse dispositivo e de uma adição mais forte às redes sociais. De acordo com o estudo, quanto maior for o envolvimento com o smartphone, mais reduzida é a compra de jornais e maior é também a expressão de atitudes de cepticismo em relação aos meios convencionais de comunicação social.