Estudo revela lacunas na compreensão da Literatura Surda por alunos do ensino secundário
Há lacunas na capacidade dos alunos surdos em identificar conceções em torno de Literatura Surda e Literatura das Línguas Gestuais, evidenciando também um desconhecimento do vocabulário em Língua Gestual Portuguesa relacionado com esta temática. Esta é a conclusão do estudo sobre “Literatura Surda: Conceções dos Alunos Surdos no Ensino Secundário”, desenvolvido por Catarina Campos, sob orientação do docente Amílcar Morais e realizado no âmbito do Mestrado em Ensino de Língua Gestual Portuguesa, da Escola Superior de Educação de Coimbra.
O estudo de caso envolveu cinco alunos surdos do décimo segundo ano de escolaridade em escolas de referência para a educação bilingue durante o ano letivo 2022/2023, juntamente com os seus professores de Língua Gestual Portuguesa.
Os resultados apresentados demonstram ainda a necessidade de intervenção do Ministério da Educação, promovendo a revisão e reestruturação do Programa Curricular da Língua Gestual Portuguesa, o qual, atualmente, não faz qualquer menção ao termo Literatura Surda. Além disso, é fundamental que promova de maneira abrangente o Plano Nacional de Literatura Surda, conhecido como Ver+.
Para garantir a boa execução dessas medidas, a autora do estudo considera indispensável a formação de uma comissão composta por especialistas na área, garantindo a representatividade e participação da comunidade surda, os principais beneficiários dessas ações. Essa comissão será responsável por orientar e supervisionar o desenvolvimento e implementação de políticas e programas que promovam a literatura Surda e a inclusão linguística e cultural das pessoas Surdas no contexto educacional e social.
A partir dessas iniciativas, espera-se que haja uma valorização e reconhecimento mais amplo da Literatura Surda como parte integrante do património linguístico e cultural português, contribuindo para uma educação mais inclusiva e respeitosa da diversidade linguística e cultural de todos os cidadãos.
O estudo foi aprovado em provas públicas para conclusão do Mestrado em Ensino de Língua Gestual Portuguesa, no dia 9 de fevereiro, pelo júri presidido por Isabel Correia e constituído ainda pelo arguente Pedro Balaus Custódio e pelo orientador da investigação, Amílcar Morais.