Docentes da ESEC autores de estudo referenciado pela Organização Mundial de Saúde (OMS)
O artigo “Opinions and options about COVID-19: Personality correlates and sex differences in two European countries”, publicado em junho de 2022 na revista PlosOne, da autoria dos docentes do Núcleo de Investigação em Ciências Sociais e Humanas da Escola Superior de Educação do Politécnico de Coimbra, Sónia Brito-Costa, Rui Antunes e Sofia Silva, em coautoria com Jonason PK (Universidade Cardinal Stefan Wyszyński, Varsóvia), Michele Tosi (Universidade de Pádua) e Florêncio Castro (Universidade da Estremadura) foi referenciado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no seu site na componente COVID-19 Literatura global sobre a doença de coronavírus.
Neste estudo os investigadores recolheram dados numa amostra de 1420 participantes de ambos os sexos em Portugal e Espanha em relação à personalidade, religiosidade, afeto negativo e atitudes relacionadas ao vírus COVID-19. Os resultados que encontraram foram:
(1) as pessoas do tipo neurótico foram associadas a opiniões mais fortes sobre as origens do vírus o que as deixou com mais medo do vírus, mas também mais confiança nas instituições de saúde;
(2) as pessoas religiosas confiavam menos na ciência, pensavam que a oração era resposta acertada para minimizar o vírus e atribuíam a existência do vírus a um ato de Deus;
(3) as mulheres relataram mais medo do COVID-19 do que os homens, e isso foi verificado pela maior tendência das mulheres a ter afeto negativo e baixa estabilidade emocional (neuroticismo) em relação aos homens, destacando o papel central do neuroticismo na explicação da variação nas atitudes de amplo espectro em relação ao COVID-19.
De facto, as chamadas pessoas neuróticas apontam ser mais medrosas, mais confiantes nos outros e nos sistemas que provavelmente as protegem (por exemplo, cientistas e sistemas de saúde). Pessoas neuróticas podem ser hipervigilantes a ameaças, experienciar mais psicopatologias e queixas psicossomáticas por conta de um sistema límbico mais hiperativo, no entanto, e apesar se serem estados indesejáveis e desconfortáveis, à luz de ameaças existenciais como o COVID-19, são sistemas de alarme úteis, dado que o neuroticismo pode servir para agilizar e focar os sistemas psicológicos das pessoas – principalmente das mulheres – para evitar ameaças, e adotar práticas sensatas para reduzir a exposição ao vírus.
Por outro lado, o neuroticismo está mais associado à má saúde mental, e a extroversão está associada à relutância em se isolar socialmente. A conscienciosidade prevê a conformidade com as diretrizes de segurança, mas também com menos comportamentos pró-sociais, particularmente o confinamento.
Embora tenham encontrado outras associações, os investigadores demonstram que a personalidade e o sexo parecem desempenhar um papel importante na psicologia das crenças quanto ao COVID-19 e, sendo o comportamento das pessoas condicionante e determinante na propagação de doenças infecciosas, estes resultados têm implicações epidemiológicas potencialmente importantes.