Aluna da ESEC vence Concurso para Cartaz da Queima das Fitas 2023

Alya Kuznetcova é aluna da licenciatura em Estudos Musicais Aplicados na ESEC e foi desafiada por uma colega a participar no Concurso para criar o cartaz da Queima das Fitas 2023. Foi com surpresa que soube que o seu cartaz tinha sido o vencedor e agora pode ver o seu trabalho a ser apreciado por um público mais vasto. A ESEC falou com a Alya Kuznetcova e ficámos a saber em que se inspirou para criar o cartaz e como as artes visuais e a música surgiram na sua vida.

Como surgiu a ideia de participar no Concurso?

A minha boa amiga e colega do curso, da minha turma — Marta Fernandes, mostrou-me a publicação com o anúncio do concurso público para o desenvolvimento do cartaz da Queima das fitas deste ano. Como a Marta já viu vários trabalhos artísticos do meu portefólio, desde o design individual da nossa sweat do curso, que representa os dois ramos de EMA, até às ilustrações para a antologia de Poetas de Coimbra entre outros, sugeriu que eu participasse. Eu agradeço-lhe muito por esta sugestão e pelo facto de ela ter acreditado em mim.

O que a inspirou para a realização do cartaz?

Inicialmente a proposta incluía a fénix, que serviu como inspiração para o conceito principal, sendo que tem o poder de renascer das cinzas após a queima. Na visualização do cartaz, o corpo da fénix estava formado pelas fitas de estudantes de várias faculdades. A intenção era transmitir aos estudantes, que após a Queima a vida não acaba, e de seguida iriam renascer, porque começará a outra vida, a vida profissional, para os estudantes finalistas.

Mas como o cartaz obrigatoriamente se baseia nos elementos tradicionais, que pertencem à vida académica em Coimbra, a fénix teve que ser deixada de parte e agora não é visível no cartaz.

Qual foi a sua reação quando soube que tinha sido a vencedora?

Claro que fiquei muito contente e, sinceramente, não estava à espera porque foram muitas pessoas a participar, e pelo que tinha visto, dos cartazes dos anos anteriores, havia propostas bastante interessantes. Não tinha a certeza se conseguiria corresponder às espectativas dos jurados e passar a mensagem visual, que corresponde à atmosfera do evento.

É atualmente aluna da licenciatura em Estudos Musicais Aplicados, mas tem formação em Artes Gráficas. Qual destas áreas mais a atrai?

Atualmente estou no terceiro ano da licenciatura em Estudos Musicais Aplicados, no ramo de contextos especiais. Sou aluna estrangeira, e esta não é a minha primeira formação superior. Entre 2010 e 2016 estudei na Universidade Estatal de Artes Gráficas de Moscovo e conclui a licenciatura e mestrado como artista gráfica. Como optei pelo regime pós-laboral, consegui trabalhar como designer gráfica e ilustradora desde o primeiro ano da Universidade, e atualmente continuo a trabalhar na minha área. Depois de chegar a Portugal em outubro 2018, comecei a trabalhar remotamente como trabalhadora independente.

É muito difícil dizer do que gosto mais, mas de um ponto de vista objetivo, entendo que as artes visuais e design são a minha área principal. Nunca me arrependi da minha escolha de profissão, gosto muito de fazer o que faço, mas ao mesmo tempo sempre tive curiosidade de estar mais próxima da música, não como amadora, mas como pessoa que se esforça para aprender música a nível profissional, e é isso que estou a tentar fazer no curso de Estudos Musicais Aplicados. Muitos dos meus colegas concluiram o conservatório, têm mais conhecimento e prática musical. Alguns tocam com maestria este ou aquele instrumento, têm capacidade de improvisar, compor, escrever e executar música a muito bom nível, mas para mim não é nada fácil. A minha experiência musical era bastante reduzida. Quando criança, tocava um pouco de piano e dos 6 aos 12 cantava num coro, comecei a aprender guitarra em dezembro de 2020, até torcer um dedo. Gostaria de me gabar de que isso foi devido à prática intensa de guitarra clássica, mas não. Fiz uma pausa, depois veio o Natal, o Ano Novo, o Covid, as aulas online…

No início tive matérias que acompanhei com maior dificuldade e ainda hoje não é fácil, mas estou a sentir que evolui bastante desde o primeiro ano. Tenho grande vontade de concluir o curso, mas percebo que para trabalhar no âmbito da música a sério, no meu caso, é preciso estudar ainda muito mais. O curso deu-me uma boa base e compreensão de muitos aspetos na música, ajudou-me a conhecer muitas pessoas extraordinárias e talentosas, bons amigos e bons professores.

Tanto as artes visuais como a música despertam em mim interesse genuíno e trazem alegria, mas tenho muita preocupação com o crescimento extremamente rápido da inteligência artificial, que é capaz de desvalorizar ou até substituir a profissão de artista visual e também, em certos casos, a profissão de um músico. A inteligência artificial pode e deve ser uma ferramenta prática, que facilita algumas funções, mas não podemos deixar fazer tudo pela pessoa. Claro que isso também afeta muito mais setores, como: programação, fotografia, cinematografia e escrita. Por isso estou a valorizar bastante a possibilidade de me expressar por palavras, dando esta entrevista. Aprecio muito o valor dado pela queima das fitas à criatividade e ao desempenho humano e espero que continue assim…